O UCS Teatro, em Caxias do Sul-RS, recebe, na manhã desta terça-feira, 21/11, o segundo dia do Encontro Regional dos Profissionais de Administração da região Sul (Erpa Sul). O evento, que começou ontem, está com uma extensa programação que inclui painéis e palestras voltados para o tema do encontro: “ESG: da teoria à prática”.
ESG é um trio de siglas que significa, em inglês, Environmental, Social and Governance. Trata-se de critérios usados para avaliar a sustentabilidade e o impacto social e ambiental de uma empresa.
Mas, afinal, quais são os pilares de cada sigla?
Environmental / Ambiental
Para responder a questão, o Erpa Sul dedicou um painel exclusivo para cada componente do ESG e o primeiro deles tratou do Environmental ou Ambiental, critério que avalia o impacto da empresa no meio ambiente. Isso inclui questões como eficiência energética, gestão de resíduos, emissões de carbono, uso sustentável de recursos naturais e práticas relacionadas ao clima.
O painel contou com a participação do gerente de Relações Institucionais Braskem RS, Daniel Fleischer; da gerente de Meio Ambiente Industrial da CMPC, Bruna Bof; e do juiz federal, Rafael Moreira. A mediação ficou por conta da vice-presidente Institucional do CRA-RS, Admª Luciana Franco Barbosa.
Bruna apresentou as ações ambientais promovidas pela CMPC. Segundo ela, o caminho para a sustentabilidade faz parte do negócio da empresa. Para tanto, a CMPC pavimentou um caminho em cinco passos.
A empresa também estabeleceu metas de sustentabilidade como diminuir em 25% o uso de água industrial por tonelada de produto até 2025 e alcançar zero resíduos para aterros até 2025.
ESG e greenwashing foi o recorte feito por Rafael Moreira. A ideia do juiz federal foi fazer um alerta sobre as ações de marketing enganosas ou falsas utilizadas por uma empresa para criar uma imagem ambientalmente amigável, mesmo que suas ações reais não sejam sustentáveis ou ecologicamente responsáveis. Em outras palavras, é quando uma organização tenta se apresentar como mais ecológica do que realmente é.
Já Daniel mostrou um pouco do trabalho promovido pela Braskem, em especial as ações voltadas para o meio ambiente. A empresa desenvolve iniciativas como reciclagem mecânica e avançada.
Governance / Governança
A governança refere-se à estrutura de liderança e controle de uma empresa. Isso inclui questões como transparência, ética nos negócios, independência do conselho, remuneração executiva e práticas contábeis.
Participaram do painel sobre governança a gerente de Relações Institucionais Bebidas Fruki, Admª Fabíola Eggers; o sócio diretor da RH Mattos, Adm. Cássio Mattos; e o diretor de Relações com Investidores da Randoncorp, Esteban Angeletti. O vice-presidente administrativo do CRA-RS, Adm Júlio Abrantes, mediou o encontro.
A Fruki Bebidas adota ações de governança desde 2005, em especial voltada para a governança familiar. Fabíola apresentou um histórico de governança corporativa da empresa e, entre as ações desenvolvidas, estão cursos para capacitar acionistas, definição de sucessão, acordo de acionistas, entre outros.
Cássio destacou que as boas práticas de governança avançam nas organizações, mas que muitos sócios ainda não dominam o assunto. “O impacto é o efeito produzido pelos sócios em alguém ou em algo e pode ser positivo ou negativo, dependendo do contexto”, disse.
Na Randoncorp, as ações de governança sustentam as outras duas ações de ESG. Para Esteban, trata-se do “pilar das três siglas”. Entre os principais destaques de governança apresentadas pelo diretor da empresa estão a instalação do conselho fiscal, criação do departamento de auditoria interna e a constituição da holding.
Social / Social
Um dos pilares mais importantes do ESG é o social, componente que avalia como uma empresa trata seus funcionários, clientes, fornecedores e a comunidade em que opera. Isso inclui considerações sobre práticas de trabalho, diversidade e inclusão, direitos humanos, saúde e segurança ocupacional, entre outros.
Participaram desse painel o CEO da Norman Arruda Consultoria em ESG e Educação, Norman Arruda Neto; o diretor executivo e fundador da Ora Estratégia, Cristiano Venâncio; e a coordenadora do IBGC, Janete Anelli. Quem mediou o painel foi o presidente do CRA-PR, Adm. Marcello Padula.
Norman afirmou que o social representa o comprometimento das organizações em contribuir para a sociedade. “Nós, como líderes, temos essa incumbência. E, sem dúvida, a educação desempenha um papel crucial para garantir a inclusão e a equidade na sociedade”, destacou.
Educação inclusiva, promover o acesso universal à educação e a valorização da diversidade são algumas práticas educacionais que promovem a inclusão e equidade apresentadas por Norman.
Cristiano chamou atenção para o adoecimento dos colaboradores. “As pessoas estão doentes dentro das organizações.”, disse. Ele apresentou, ainda, os custos à economia global com a depressão e ansiedade: US$ 1 bi por ano.
Inclusão feminina no mercado de trabalho foi a abordagem apresentada por Janete. Ela destacou que as mulheres estudam mais, mas são ainda minoria em cargos de gestão: no Brasil apenas 11% são CEOs e 7% estão em membros de conselhos. “São nesses espaços que são tomadas as decisões que vão impactar o mundo”, comentou.
ESG
Depois de apresentar cada um dos pilares do ESG, o Erpa Sul trouxe um painel para tratar explicar como funciona a integração dessas três letras. Para falar do assunto, foram convidados a presidente do Conselho Consultivo do Sistema Catarinense de Comunicação, Melissa Ribeiro do Amaral; o diretor de Pessoas, Estratégia e Gestão da Irani Papel e Embalagem, Fabiano Alves de Oliveira; e o diretor fundador da Reserva Consultoria Ambiental e consultor ambiental do Condomínio Terra Ville Belém Novo Golf Club, Ricardo Lange Hentschel.
O debate foi conduzido pelo presidente do CRA-SC, Adm. Djalma Hack. Os painelistas explicaram que as empresas que adotam práticas sustentáveis e socialmente responsáveis muitas vezes buscam destacar seu desempenho nessas áreas como parte de sua estratégia de negócios.
Por isso, o ESG tornou-se uma consideração significativa para investidores, empresas e governos que buscam promover práticas mais sustentáveis e responsáveis. Essa abordagem visa não apenas o sucesso financeiro a curto prazo, mas também a criação de valor a longo prazo com considerações mais amplas para o meio ambiente, sociedade e governança.
Além disso, os painelistas apresentaram as ações e iniciativas em ESG adotadas pelas empresas onde atuam. Melissa citou projetos realizados na época da pandemia, que ajudaram muitas famílias a se comunicarem, por meio do rádio, com parentes que estavam internados.
A Irani Papel definiu compromissos ESG e alinhados com a Agenda 2030. Um deles é o compromisso de aumentar em 40% o número de mulheres no quadro funcional, sendo 50% delas em cargos de liderança.
Palestra de encerramento
Depois de um dia intenso debatendo sobre os pilares do ESG, a superintendente de Estratégia Corporativa do Sicredi, Maria Reiniger da Luz, subiu ao palco do Erpa Sul para ministrar a palestra que encerrou o evento. Na oportunidade, ela falou um pouco do cooperativismo e das iniciativas em ESG adotadas pela Sicredi.
“As cooperativas de crédito possuem um papel importante como agente de inclusão financeira e têm se diferenciado por manter um atendimento mais humanizado e apoiado pela presença física”, disse Maria.
Ela reforçou, ainda, que o propósito da Sicredi é “construir juntos uma sociedade mais próspera”. Na palestra, ela destacou diversas vezes o papel do cooperativismo e como essa proposta promove o desenvolvimento local e a evolução constante. “Nosso jeito de fazer negócio é trazer alternativas que vão muito além do dinheiro”, informou.
Ainda sobre ESG, a sustentabilidade está sempre em pauta na Sicredi. Além de estar no DNA da empresa, ela está presente nos elementos do mapa estratégico da organização. Hoje, a cooperativa tem três direcionadores de sustentabilidade e 12 temas focais conectados aos ODS. Maria detalhou cada uma delas e citou alguns programas sociais desenvolvidos pela Sicredi.
Saldo positivo no Erpa Sul
O presidente do CFA, Adm. Leonardo Macedo; o presidente do CRA-RS, Adm. Flávio Cardoso Abreu; o presidente do CRA-PR, Adm. Marcelo Cipriano Padulo; e o presidente do CRA-SC, Adm. Djalma Henrique Hack, se reuniram novamente no palco para encerramento do Erpa Sul.
Flávio falou do zelo em preparar o Encontro. “Para fazermos este evento, contamos com a dedicação de muitos”, disse, agradecendo aos conselheiros regionais e federais e aos colaboradores que trabalharam para a realização do Erpa.
Padulo também agradeceu aos participantes e a equipe que esteve à frente da organização do evento. “Espero que vocês tenham , de fato, aproveitado cada minuto deste evento e possam voltar com muito mais conhecimento”, comentou.
Djalma Hack adiantou que tem a intenção de promover o próximo Erpa Sul em Florianópolis. A expectativa é de que o evento aconteça em 2025. “Vamos nos empenhar para sediar esse belo encontro”, afirmou.
Por fim, Leonardo Macedo fez uso da palavra. “É com grande satisfação que encerramos as atividades do Erpa Sul 2023. Só posso agradecer aos três regionais que estiveram à frente do evento. O que vimos aqui já é um sinal do que veremos em maio de 2024, no Fórum Internacional de Administração, que acontecerá em Gramado”, disse.
Ele falou, ainda, da felicidade em ver a união dos CRAs. “Não temos bandeira, nem cor, nem paixão! E temos, uma paixão imensa pela profissão de administração! Sigamos juntos nessa missão!”, encerrou o presidente do CFA.
Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação CFA