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Saúde mental e pandemia provocam doenças psicossomáticas

Pandemia acelera preocupação com a saúde mental nas organizações e revela aumento significativo de ocorrências como esgotamento mental e transtornos psicológicos.

Não há organização que prospere sem o devido cuidado à saúde mental de seus colaboradores. Não por acaso, a pandemia trouxe à tona uma preocupação que já era existente, mas pouco explorada pelo capital humano nas empresas: o aumento das ocorrências de transtornos psicológicos, esgotamento mental e doenças ocupacionais.

O assunto desperta um alerta e pondera que a preocupação e prevenção a distúrbios emocionais requerem a mesma atenção que o próprio plano de desenvolvimento de carreira nas instituições. Mas será que isso acontece? 

Além do grave comprometimento na saúde física das pessoas, a pandemia rompeu barreiras outrora estigmatizadas pela sociedade. As consequências foram piores do que se imagina e atingiu também a saúde mental de milhões de brasileiros, como revela a pesquisa realizada pelo instituto Ipsos, de pesquisa de mercado e opinião pública, para o Fórum Econômico Mundial. 

O estudo aponta que o Brasil alcançou o quinto lugar, entre 30 países, que mais têm sentido as consequências da pandemia em seu bem-estar emocional. Entre as pessoas entrevistadas no país, 53% acreditam que sua saúde mental mudou para pior desde o início da crise sanitária. 

Segundo o psicólogo e doutor em Ciências da Saúde, Telmo Ronzani, estimativas demonstram que o sofrimento mental é uma condição crônica de saúde prevalente no mundo. Ele diz que a própria OMS ressalta a importância de ações globais relativas à proteção e atenção às pessoas. 

“Mais especificamente, tem-se observado um aumento de sintomas e problemas como ansiedade, depressão, suicídio e uso abusivo de álcool e outras drogas, que se intensificaram ainda mais com o advento da pandemia. As pesquisas têm demonstrado, também que, além do aumento da incidência de problemas já apontados anteriormente, observa-se uma dificuldade no acesso aos cuidados em saúde mental – com agravamento dessa situação”, afirma Ronzani. 

De olho no Burnout!

A saúde mental é complexa, mas parte do impacto perturbador causado pela pandemia é mensurável. São transtornos como esgotamento, estresse, irritabilidade e cansaço, além de frustração, pressão e Síndrome de Burnout – relacionado à exaustão extrema, tensão emocional e sobrecarga de trabalho. Em contrapartida ao distúrbio emocional e suas consequências, grande parte das organizações ainda negam a existência desse tipo de sofrimento psíquico.

De acordo com a administradora e mestre em Recursos Humanos, Ana Cristina Barros, é evidente a relação da saúde mental com a produtividade, especialmente, quando se entende que cada ser é único e que tudo o que acontece em todos os âmbitos da vida são indissociáveis a qualquer contexto em que o indivíduo está inserido. A intensidade, a motivação e até mesmo a iniciativa para desempenhar as atividades, inclusive as laborais, são abaladas pelo estado de bem-estar mental.

“Esse olhar para a saúde mental dos colaboradores deve ser assumido pelas empresas; não apenas como uma conduta beneficente do RH, mas por considerar a importância estratégica de ações integradas de saúde e bem-estar. Por isso, é preciso promover a prevenção, o apoio e a reabilitação, como parte de uma política institucional da empresa”, aponta a administradora.

Exposição ao assédio moral, jornadas exaustivas, eventos traumáticos, discriminação e metas abusivas – evidenciam, cada vez mais, problemas mentais que também são decorrentes da pandemia e do teletrabalho, segundo Ana. Para ela, a vida contemporânea tem condicionado os profissionais a uma pressão competitiva, com metas ambiciosas, o uso de novas ferramentas e tecnologias que devem ser aderidas, além da necessidade contínua  de aprimoramento.

“Tudo isso gera um nível de pressão sem precedentes que afloram as doenças psicossomáticas. Por consequência, as relações de trabalho geram uma sensação de vulnerabilidade, se não forem fundamentadas nas competências e habilidades exigidas pelas empresas”, avalia.

Por Paulo Melo – Assessoria de Comunicação CFA

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