A impossibilidade de desenvolver um Estado sem recursos (CRA-RS)

Presidente do CRA-RS participa do primeiro iRS Debates 2016 na Zero Hora

O caminho projetado por economistas em debate sobre como desenvolver o Estado sem recursos, realizado na noite de ontem na sede do jornal Zero Hora, não é dos melhores. O professor de Economia do Desenvolvimento, Ely José de Mattos e o economista Darcy Francisco Carvalho dos Santos destacaram que no momento atual é impossível prever um progresso para o Rio Grande do Sul, principalmente por não ter recursos públicos para isso. O presidente do CRA-RS, Adm. Valter Luiz de Lemos esteve presente no primeiro iRS Debates 2016, que teve a mediação da jornalista econômica Marta Sfredo.

O desafio do Estado é enorme, considerando que seu grau de endividamento está no limite. “As contas não fecham. Se eu cumprir com todos os setores vai me faltar cerca de 5 bilhões, gerando a dívida”, explica Ely, acrescentando que quando o Estado está sem dinheiro, a população também está.  Ele revelou que há um alto custo com inativos, que consome recursos do caixa que poderiam ser usados em outras áreas. “De toda a arrecadação, um terço vai para a Previdência. De aposentadoria especial, por exemplo, temos mais de 87% dos funcionários do Estado”, ressalta.

Já para o Prof. Ely José de Mattos, há alguns pontos indutores do desenvolvimento: motivação, conhecimento técnico, mobilização e foco macroeconômico. “Falar sobre o problema o tempo inteiro afeta a população. É preciso entender que as coisas mudam em algum momento, ter mais motivação sobre a situação. Além disso, falta conhecimento do cenário e ficamos reféns do que nos é oferecido, como se fossemos obrigados a aceitar sem questionar”, afirma. O economista também pontuou que é preciso se engajar com a sociedade e fomentar a política de desenvolvimento local. “A Europa faz isso há muito tempo e não precisamos necessariamente de recursos para isso”, realça.

Em posicionamento, o presidente da autarquia, Adm. Lemos, a atual situação é uma consequência desastrosa da má gestão. “Não há ciência da Administração nos governos, é preciso ter equilíbrio entre o marco legal, técnico e político. Por isso que atingimos um pico de crescimento e logo após decaímos, não se pensa a longo prazo”, constata.